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Capixabas podem ir de bike para o trabalho, mas não o fazem

Mobilidade ativa melhora saúde, gera economia doméstica, ajuda o meio ambiente e ainda desafoga o trânsito Com o crescente debate sobre sustentabilidade e qualidade de vida nas cidades, o uso de bicicletas tem ganhado destaque como uma solução eficiente e acessível.

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Mobilidade ativa melhora saúde, gera economia doméstica, ajuda o meio ambiente e ainda desafoga o trânsito

Com o crescente debate sobre sustentabilidade e qualidade de vida nas cidades, o uso de bicicletas tem ganhado destaque como uma solução eficiente e acessível. Além de promover a saúde física e mental, pedalar contribui para a redução da poluição do ar e do congestionamento urbano. Por outro lado, o uso excessivo de carros impõe sérios prejuízos ambientais e econômicos, desde a emissão de gases poluentes até o aumento dos gastos públicos com infraestrutura.

Daniela Bonatto, arquiteta-urbanista e professora da UFES, doutora em Planejamento Urbano e Regional e mestre em Engenharia Urbana, alerta sobre a realidade atual. "A mobilidade urbana, da maneira como está, focada no automóvel, tem piorado muito a qualidade de vida nas cidades, levado ao tempo de deslocamento muito longo – com formação de trânsito – além da poluição atmosférica, com a emissão de poluentes, como partículas que fazem mal à saúde respiratória e gases de efeito estufa".

Tarcísio Bahia, arquiteto-urbanista e doutor em Arquitetura, acrescenta: "O uso de bicicleta retira veículos automotores do trânsito, reduzindo o risco de acidentes e melhorando a fluidez, já que ocupa menos espaço do que automóveis, por exemplo".

O professor Dr. em Arquitetura e Urbanismo na UVV, Giovanilton Carreta, aponta alguns aspectos positivos da utilização de bicicletas. "Primeiro tem um ponto de vista legal, de imediato e de cumprir o que está na nossa legislação. A política nacional de mobilidade tem como prioridade os módulos de transportes coletivos e os não motorizados – a mobilidade ativa, como a gente chama, principalmente a priorização dos pedestres e ciclistas. Além disso, têm os benefícios nos aspectos ambientais, econômicos e humanitários".

Uso menor do que o ideal

Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) do ano passado, as bicicletas são o modal preferido de 7% dos brasileiros. E na Grande Vitória, por ter diversas áreas planas e um clima mais propício para a utilização, os especialistas consideram que o uso ainda é menor do que deveria. "Mesmo com um clima agradável, sobretudo de manhã e no fim do dia, as pessoas não se locomovem por alguns fatores. Primeiro, a cultura do automóvel impregna a mente delas. O carro traz um certo conforto, mas, com tanta gente usando, gera um trânsito muito intenso. Além disso, a arborização nas ciclovias estimularia muito mais o uso", diz Daniela Bonatto.

"Outro motivo são os acidentes envolvendo ciclistas, tanto por desrespeito de motoristas em relação às bicicletas, quanto por imprudência dos próprios ciclistas", lembra Tarcísio Bahia. Dados da Secretaria de Segurança do Estado mostram que, em 2023, o Espírito Santo registrou 44 mortes da categoria.

Giovanilton Carreta é doutor em Arquitetura e Urbanismo

Na visão de Giovanilton Carreta, há uma evolução no quesito, mas que ainda não é suficiente. "Uma questão central por parte das gestões municipais e estaduais é entender a bicicleta como um modal prioritário de transporte. Isso passa por ampliar os investimentos nas redes de ciclovias e ciclofaixas, conectando os locais de desejo e necessidades das pessoas, e não só onde se permite e é mais fácil de implantá-las. Outros pontos muito importantes são a integração dos modais e a segurança. Quem faz uso da bicicleta sabe que, pela limitação da infraestrutura, sua vida está em risco", lamenta.

"Temos visto várias obras de infraestrutura viária na Grande Vitória que já incluem ciclovias ou ciclofaixas (Rodovia das Paneleiras, Leitão da Silva e Avenida Vitória). Porém, é preciso conectá-las, criando uma rede, ou melhor, uma ciclo rede, como já ocorre em outras cidades", adiciona Tarcísio Bahia.

Economia no dia-a-dia

De acordo com a última atualização da ANP, o preço médio do litro da gasolina comum no estado é de R$ 5,57. Em um cálculo hipotético, com uma distância diária de 30 km (ida e volta) e um carro com consumo de 10 km/l, uma pessoa gastaria 3 litros de combustível por dia. Considerando uma média de 22 dias de trabalho por mês, o consumo mensal chegaria a 66 litros, resultando em um custo de R$ 367. Essa poderia ser a economia mensal com o uso da bicicleta, além de todos os benefícios físicos e ambientais da prática.

Além de especialista no assunto, Daniela Bonatto utiliza a bicicleta como meio de transporte praticamente todos os dias. "Sempre que eu saio, priorizo a bicicleta, pois me permite ir a lugares mais longe, para ir ao trabalho e resolver pequenas coisas, como ir à padaria ou almoçar", conta a professora.

Capixabas podem ir de bike para o trabalho, mas não o fazem
Daniela Bonatto é doutora em Planejamento Urbano e dá o exemplo fazendo seus deslocamentos pela cidade de bicicleta

Ela continua: "Quando eu deixei de usar o carro, tive uma redução de custos enorme. Você pode nem usá-lo e não gastar com combustível, mas só de tê-lo você paga impostos, manutenção e até estacionamento na rua. Antes de ter um carro, eu comecei a utilizar a bicicleta aqui em Vitória para economizar e não gastar com ônibus. Além do trânsito, que gera uma demora muito grande", continua.

Eduardo Fontes, estudante, utiliza a bicicleta para fazer entregas e ter ganhos financeiros com ela. "O uso dela traz, de alguma forma, uma economia com os meios de transporte, pois eu evito pagar uma taxa específica, para me locomover de forma prática com a bicicleta. Além de reduzir custos, consigo um lucro efetivo através do meu trabalho, o que realça ainda mais a importância da bike no meu cotidiano", relata.

A saúde também agradece

Também hipoteticamente, uma pessoa de 70 kg gastaria cerca de 9.240 calorias por mês ao pedalar 30 km diariamente. Quanto à emissão de gás carbônico (CO2), o consumo mensal de 66 litros de gasolina geraria aproximadamente 151,8 kg de CO2, destacando o impacto ambiental significativo do uso de automóveis em comparação ao uso de bicicletas.

"Ajuda muito para a parte mental e física, e na qualidade de vida. Andar de bicicleta também me dá essa sensação de liberdade para fazer o que eu quiser no meio do caminho. Eu coloco minha mochila nas costas e vou trabalhar com total liberdade no horário de saída e de chegada. Também evita estresse com o trânsito", destaca Daniela Bonatto, que continua:

"A mobilidade urbana sustentável tem o objetivo de melhorar o deslocamento e, a partir disso, a qualidade de vida das pessoas. É importante reduzir o tempo de deslocamento, mas, para isso, é preciso diminuir a quantidade de carros e veículos particulares. E isso só vai acontecer usando meios menos poluentes".

"A bike contribui para minha saúde pois é uma atividade cardiovascular que me auxilia na queima de calorias diárias. Além disso, o ciclismo vai além da saúde física, mas também para a saúde mental, pois, durante a prática, a mente se esvazia dos problemas cotidianos, e a dose de dopamina é recompensadora", finaliza Eduardo Fontes.

POR VÍCTOR FONTES

Fonte: Cidades - ES Hoje

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